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A Armadilha da Busca Constante pela Felicidade

Por Aline Domiquille | Publicado em 05 de agosto de 2025

Você já se sentiu pressionado(a) a ser feliz o tempo todo? Nas redes sociais, na publicidade, e até nas conversas do dia a dia, somos bombardeados com a ideia de que a felicidade é um estado constante que devemos buscar incansavelmente. Mas, e se essa busca se transformar em uma armadilha, nos afastando justamente de uma vida plena?

Na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), a gente entende que a vida é como uma folha de papel com dois lados: alegria e tristeza, conforto e desconforto, sucesso e desafios. A busca incessante por apenas um desses lados, ou a tentativa de fora um dos lados da folha (o que é impossível pois são dois lados a mesma folha), pode nos levar a uma luta esgotante contra nossas emoções e pensamentos difíceis.

É como o que Russ Harris, um dos autores mais importantes da ACT, discorre em seu trabalho. Ele nos mostra que a mente humana, por sua natureza, produz pensamentos e sentimentos dolorosos. Tentar eliminá-los ou controlá-los a todo custo pode nos levar a uma "armadilha da felicidade", onde quanto mais tentamos nos livrar do que é ruim, mais ficamos presos nesse ciclo.

Mas por que isso é uma armadilha?

Quando focamos apenas em "sentir-se bem", podemos:

• Evitar experiências importantes: Deixamos de fazer o que é significativo para nós (seja um novo projeto, um encontro social, ou mesmo um momento de introspecção) porque prevemos que isso pode gerar algum desconforto ou ansiedade.
• Nos julgar por sentir emoções "negativas": Se a sociedade nos diz para sermos felizes, sentir tristeza, medo ou raiva se torna um sinal de "falha". Isso nos leva a brigar com nós mesmos e a sentir culpa por sermos humanos.
• Perder contato com o momento presente: Ao invés de viver o "aqui e agora" com curiosidade e abertura, passamos o tempo planejando como evitar a dor futura ou remoendo a dor passada, e assim, perdemos a própria vida.

A ACT nos convida a uma perspectiva diferente. Não se trata de buscar a felicidade como um fim em si mesma, mas de construir uma vida rica, plena e significativa, mesmo na presença de emoções difíceis. A aceitação, nesse contexto, é a abertura para acolher a gama completa da experiência humana, sem julgamento.

Não precisamos gostar de sentir ansiedade, tristeza ou medo, mas podemos reconhecer sua presença e, ainda assim, agir em direção aos nossos valores - aquilo que realmente importa para nós. Quando você se compromete com o que faz sua vida valer a pena, a felicidade pode vir como um efeito colateral desejável, e não como uma meta obsessiva.

Que tal se permitir ser humano em sua totalidade, com seus altos e baixos, e direcionar sua energia para construir uma vida guiada pelos seus valores, ao invés de ficar preso(a) na armadilha da busca incessante por um único sentimento?

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