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Procrastinação sob a Ótica da Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT)

Por Aline Domiquille | Publicado em 21 de julho de 2025

A procrastinação é um desafio que muitos de nós enfrentamos, aquela sensação de adiar tarefas importantes, mesmo sabendo das consequências. Mas e se eu te dissesse que, pela lente da Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), muitas vezes a procrastinação não é um sinal de preguiça ou falta de disciplina, mas sim uma estratégia (geralmente ineficaz) para lidar com desconfortos internos?

Na ACT, entendemos que nossos comportamentos podem ser, em grande parte, tentativas de nos afastar de experiências internas desagradáveis - sejam elas pensamentos, sentimentos, sensações físicas ou memórias. No caso da procrastinação, o que estamos tentando evitar? Pode ser o medo de falhar, a ansiedade de começar algo grande, o tédio da tarefa, a dúvida sobre nossa capacidade, ou até mesmo o sentimento de sobrecarga.

A Armadilha da Evitação Experiencial

Quando procrastinamos, estamos engajando no que a ACT chama de evitação experiencial. Em vez de nos aproximarmos do que é importante para nós (nossos valores), nos afastamos do desconforto que a tarefa pode gerar. Por um breve período, essa estratégia pode até funcionar, aliviando a tensão imediata. No entanto, a longo prazo, ela nos afasta de nossos objetivos, causa mais estresse e mina nossa autoconfiança.

Imagine que você tem um relatório importante para fazer, mas sente uma forte ansiedade só de pensar em começá-lo. Para evitar essa ansiedade, você decide checar as redes sociais, assistir a um vídeo, ou arrumar a casa. Essa é a evitação em ação. O alívio é temporário, e a ansiedade geralmente retorna, muitas vezes mais forte, junto com a culpa e o arrependimento.

Como a ACT Lida com a Procrastinação?

A ACT nos convida a abordar a procrastinação de uma maneira diferente, focando em:

Procrastinar é Humano, mas Agir é Escolha

A procrastinação é uma resposta natural ao desconforto. A ACT não busca eliminar a ansiedade ou o medo, mas sim mudar a forma como nos relacionamos com eles. Ao invés de permitir que esses sentimentos nos controlem e nos afastem de nossos objetivos, a ACT nos oferece ferramentas para acolher o que surge internamente e, ainda assim, agir de forma consistente com quem queremos ser e o que valorizamos. É um convite para uma vida mais plena e significativa, mesmo com as imperfeições e desafios que fazem parte da jornada.

Sobre a autora

Aline Domiquille

Psicóloga clínica com 20 anos de experiência no atendimento a adultos, atuo com a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), promovendo autoconhecimento, presença e ação com propósito. Ofereço um espaço seguro para lidar com pensamentos, emoções e desafios com leveza e consciência. Atendimentos presenciais em Jundiaí/SP e online para todo o mundo